Eu tento respeitar a liberdade de opinião dos outros. Às vezes muito a custo mas tento. Nem sempre consigo mas tento. Mas hoje não me apetece ficar calada. Deu-me uma energia revoltante ao ver uma manifestação. Que expressa a liberdade de opinião de uns, proibindo a liberdade civil de outros.
A mim não me incomoda que duas pessoas do mesmo sexo se amem e que por isso queiram casar e ter filhos. Não contribui nem deixa de contribuir para a minha felicidade. Cada um é feliz da maneira que quer. O que contribui para a minha felicidade é saber que vivo num pais livre e igualitário que trata de igual forma os seus cidadãos. E causa-me pena que alguns cidadãos sejam tacanhos ao ponto de negar igualdade aos seus pares. Isso sim transtorna-me. Ao invés de achar uma aberração ver homossexuais a beijarem-se ao meu lado ou a cuidarem de uma criança, acho as pessoas homofóbicas "estranhas".
E não me acusem de radicalismo de esquerda. Na realidade, não gosto de extremismos e identifico-me mais com a direita. Mais eu sou católica. Praticante. E quando digo praticante, não estou a falar daqueles praticantes que vão para a igreja dormir. Estou a falar daqueles que se empenham e se envolvem nos organismos paroquiais. Mas apesar de toda a doutrina da minha fé, ser contra o casamento homossexual vai contra os meus princípios. Deus disse -Crescei e multiplicai-vos -, é verdade. Mas Deus ama todos por igual sem qualquer distinção. Jesus Cristo veio para dar a Boa Nova - Amai-vos uns aos outros como eu vos amei -.
E apesar de respeitar e de professar com agrado a minha fé não posso concordar com ela em tudo. Nem a posso deixar de questionar. E se não a questionasse estaria a desperdiçar uma das razões que torna o ser humano aquilo que é. A racionalidade.
Percebo o ponto de vista da Igreja. A Igreja é uma entidade suprema mas que não faz parte do Estado desde que este se tornou laico.
Agora, minha gente, com ou sem religiosidade, negar igualdade aos semelhantes por um preconceito ainda mais estúpido do que os próprios preconceitos não é comportamento para um país que passou pelo 25 de Abril e que hoje grita aos sete ventos que não há liberdade de expressão[mas mesmo assim consegue gritar tal coisa].
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